Teresa e os sentidos

- Dolores, como é que o mar pode caber inteirinho dentro da minha cabeça?
- Não é o mar que cabe dentro da sua cabeça, minha pequena Teresa. São as imagens que ficaram guardadas das vezes que você viu o mar.
- Não é não, Dolores! É o mar mesmo! Quando eu fecho os olhos, eu ouço o barulho das ondas batendo nas pedras; sinto o cheiro de peixe e o gosto de sal na minha boca. E, se eu pensar com muita, muita vontade mesmo, eu até consigo sentir a água batendo nos meus pés.
- Tudo isso é a sua memória, querida. A memória é uma caixinha que fica dentro da cabeça, feita para captar todos os sentidos. Pelo sentido da visão, você deixou entrar em você a imagem do mar. Pela audição, entraram o som das ondas; pelo olfato, o cheiro do peixe; pelo paladar, o gosto do sal. E pelo tato, a sensação de estar molhada, minha pequena.
- Então tudo que está dentro de mim entrou pelos sentidos, Dolores?
- Sim, Teresa. O ser humano é como uma grande caixa vazia, que ao longo da vida vai se preenchendo de coisas que entram pelo nariz, pela boca, pelos olhos e pelo toque.
- Hum...não sei não Dolores. Eu nunca ouvi, nem cheirei, nem saboreei, nem apalpei a esperança, e mesmo assim ela tá aqui dentro, ó! Por onde foi então que ela entrou, Dolores? Por onde?
- Não sei, querida. Não tenho respostas para tudo.
- Vai ver, Dolores, ela sempre esteve aqui dentro, e por isso nem precisou entrar. Vai ver a gente já nasce com uns pedacinhos de esperança, pedacinhos de piedade, pedacinhos de beleza, que ficam escondidos lá no fundo da caixa, e a gente só descobre quando tapa os ouvidos, fecha os olhos, guarda a língua e não toca em nada.
- Não é o mar que cabe dentro da sua cabeça, minha pequena Teresa. São as imagens que ficaram guardadas das vezes que você viu o mar.
- Não é não, Dolores! É o mar mesmo! Quando eu fecho os olhos, eu ouço o barulho das ondas batendo nas pedras; sinto o cheiro de peixe e o gosto de sal na minha boca. E, se eu pensar com muita, muita vontade mesmo, eu até consigo sentir a água batendo nos meus pés.
- Tudo isso é a sua memória, querida. A memória é uma caixinha que fica dentro da cabeça, feita para captar todos os sentidos. Pelo sentido da visão, você deixou entrar em você a imagem do mar. Pela audição, entraram o som das ondas; pelo olfato, o cheiro do peixe; pelo paladar, o gosto do sal. E pelo tato, a sensação de estar molhada, minha pequena.
- Então tudo que está dentro de mim entrou pelos sentidos, Dolores?
- Sim, Teresa. O ser humano é como uma grande caixa vazia, que ao longo da vida vai se preenchendo de coisas que entram pelo nariz, pela boca, pelos olhos e pelo toque.
- Hum...não sei não Dolores. Eu nunca ouvi, nem cheirei, nem saboreei, nem apalpei a esperança, e mesmo assim ela tá aqui dentro, ó! Por onde foi então que ela entrou, Dolores? Por onde?
- Não sei, querida. Não tenho respostas para tudo.
- Vai ver, Dolores, ela sempre esteve aqui dentro, e por isso nem precisou entrar. Vai ver a gente já nasce com uns pedacinhos de esperança, pedacinhos de piedade, pedacinhos de beleza, que ficam escondidos lá no fundo da caixa, e a gente só descobre quando tapa os ouvidos, fecha os olhos, guarda a língua e não toca em nada.
1 Comments:
Teresa acertou na mosca. O mundo do capital conspira contra a esperança e a bondade que trazemos conosco desde antes de existirmos materialmente. Ele nos corrompe, nos barbariza e distorce a nossa vocação inata para a solidariedade. Não deixar que o capital nos seduza pelos sentidos, esse é o nosso desafio.
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