Teresa e as paixões

- De onde vem a paixão, Dolores? De que pé ela brota?
- A paixão nasce da vontade pervertida, minha pequena Teresa. E quando essa vontade cresce, pode até engolir o homem.
- Então a paixão é má?
- Nem boa, nem má, meu amor. Mas é perigosa. Pois depois de engolir o homem, ela se converte em hábito, e logo depois, se não tomar cuidado, vira necessidade.
- E o que é necessidade, Dolores?
- Necessidade, minha menina, é o que o homem sente quando a carne pede algo que o espírito necessariamente não precisa.
- Como quando depois de comer dois bombons, eu como mais dois, mesmo estando com a barriga cheia?
- Isso, querida. A necessidade e a paixão são compulsivas.
- Entendi. Então é por isso que você escreve sem parar? Porque está apaixonada, Dolores?
- Não, menina, é justamente o contrário. Eu escrevo sem parar porque quero me libertar das paixões.
- E para quê, Dolores? Para quê?
- Cale-se, Teresa.
2 Comments:
Dolores, pára de reprimir a menina! Logo você que clama tanto por liberdade!
Fale, Teresa. Fale mais. De repente assim você não vai precisar escrever tanto daqui a um tempo...
Não se liberte de todas as paixões. Continue escrevendo.
E lembro de um papo que tive com você há tempos sobre paixões. Eu estava descobrindo as minhas novas. Encontrei. E aprendi a dosá-las. Hoje estou muito feliz, embora com alguns buracos a serem preenchidos...
Te amo!! Amo Dolores.
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