Friday, July 28, 2006

Teresa e as paixões


- De onde vem a paixão, Dolores? De que pé ela brota?

- A paixão nasce da vontade pervertida, minha pequena Teresa. E quando essa vontade cresce, pode até engolir o homem.

- Então a paixão é má?

- Nem boa, nem má, meu amor. Mas é perigosa. Pois depois de engolir o homem, ela se converte em hábito, e logo depois, se não tomar cuidado, vira necessidade.

- E o que é necessidade, Dolores?

- Necessidade, minha menina, é o que o homem sente quando a carne pede algo que o espírito necessariamente não precisa.

- Como quando depois de comer dois bombons, eu como mais dois, mesmo estando com a barriga cheia?

- Isso, querida. A necessidade e a paixão são compulsivas.

- Entendi. Então é por isso que você escreve sem parar? Porque está apaixonada, Dolores?

- Não, menina, é justamente o contrário. Eu escrevo sem parar porque quero me libertar das paixões.

- E para quê, Dolores? Para quê?

- Cale-se, Teresa.

2 Comments:

At 3:51 PM, Blogger A digestora metanóica said...

Dolores, pára de reprimir a menina! Logo você que clama tanto por liberdade!
Fale, Teresa. Fale mais. De repente assim você não vai precisar escrever tanto daqui a um tempo...

 
At 4:46 PM, Blogger Cláudia Lamego said...

Não se liberte de todas as paixões. Continue escrevendo.

E lembro de um papo que tive com você há tempos sobre paixões. Eu estava descobrindo as minhas novas. Encontrei. E aprendi a dosá-las. Hoje estou muito feliz, embora com alguns buracos a serem preenchidos...

Te amo!! Amo Dolores.

 

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